Na corrida incessante da vida moderna, muitas vezes negligenciamos um dos atos mais importantes – o autocuidado. No entanto, esta prática simples pode tornar-se um escudo poderoso na prevenção de doenças e no alívio da pressão sobre os sistemas de saúde. Num mundo onde a saúde pública é uma preocupação global, dedicar tempo a cuidar de si mesmo pode ter um impacto duradouro, tanto individual como coletivo.
Já se sabe que a maioria das doenças crónicas que afetam a população atualmente, como a diabetes, hipertensão, obesidade, depressão, cancro (entre outras) podem ser prevenidas e/ou amenizadas com alterações de estilo de vida, nomeadamente ao nível da alimentação, exercício físico, sono e gestão de stress. Por isso, cuidar de si não é um luxo, mas uma necessidade. Vou mais longe, uma responsabilidade de cada um. Se é possível prevenir, porquê colocar o ónus nos sistemas de saúde? A saúde começa em casa, nas nossas decisões diárias, nos nossos hábitos e rotinas, na forma como cuidamos de nós.
A meu ver a prática do autocuidado vai além do indivíduo; é uma responsabilidade partilhada que afeta a sociedade como um todo. Quando cada um de nós prioriza a saúde, estamos a colaborar para aliviar a carga nos hospitais, nos centros de saúde, nos médicos e nos enfermeiros. Assim, os recursos limitados podem ser direcionados para casos complexos e/ou urgentes, enquanto as doenças evitáveis são reduzidas.
Comer de forma nutritiva, descansar o suficiente, praticar exercício regular, cultivar relações positivas e aplicar ferramentas de gestão de stress são apenas alguns exemplos de ações que estão ao alcance de todos, e que irão impactar positivamente a sua saúde física e mental.
Não acredito que possamos criticar um sistema de saúde de consciência tranquila, quando vivemos como se o corpo aguentasse tudo. Não podemos comer fast food, beber álcool e refrigerantes diariamente, fumar, não fazer qualquer exercício físico e desvalorizar o sono, e esperar que o médico nos conserte quando o corpo começa a dar de si.
Imagine uma sociedade onde o autocuidado é um valor central e algo que cada indivíduo assume como sua responsabilidade. Uma cultura de prevenção poderia revolucionar a nossa abordagem à saúde, reduzindo a necessidade de intervenções de urgência em casos de gravidade avançada, e permitindo um foco maior na promoção do bem-estar a longo prazo.
Num mundo em constante mudança, a verdadeira riqueza é a saúde. Ao adotar práticas saudáveis, beneficiamo-nos, mas também ajudamos a aliviar a carga sobre os sistemas de saúde. O autocuidado é um poderoso gesto de amor – amor por nós mesmos e pela nossa comunidade.
Escolha cuidar de si, e estará a criar um futuro mais saudável para todos nós.