Coaching não é terapia

Nos últimos anos, tenho ouvido muitas vezes esta pergunta: “Mas afinal, qual é a diferença entre um coach e um psicólogo?” E, mais do que isso, tenho sentido uma tensão no ar — como se estivéssemos constantemente a tentar defender territórios, em vez de construir pontes. Hoje, quero escrever sobre isso. Com respeito. Com clareza. E com o desejo genuíno de contribuir para um entendimento mais profundo e colaborativo. Um psicólogo clínico é um profissional de saúde mental, com formação universitária e muitas vezes especializado em áreas como psicoterapia, neuropsicologia, ou outras abordagens clínicas. Tem competência para avaliar, diagnosticar e intervir em casos de sofrimento psicológico, transtornos mentais, traumas, depressão, ansiedade severa, entre outros. Trabalha com base em modelos científicos, regulamentados e supervisionados, com um enquadramento ético e clínico bem definido. O coaching, por outro lado, não tem como foco a dor emocional profunda nem o diagnóstico clínico. Um coach trabalha com pessoas que estão, regra geral, saudáveis e funcionais — mas querem ir mais longe, atingir um objetivo, mudar de hábitos, desenvolver algum tipo de competências, encontrar mais equilíbrio ou clareza. O coaching é ação. É presença. É futuro. Ajuda-te a sair do ponto A (onde estás) para o ponto B (para onde queres ir) com estratégias práticas, foco e compromisso contigo mesma. E, quando feito com ética, é uma ferramenta incrível de transformação. Então por que não são a mesma coisa? Como se vê, não são a mesma coisa. Porque não nasceram para ser. Psicologia e coaching não são concorrentes — são respostas diferentes para necessidades diferentes. Comparar as duas áreas é como comparar um nutricionista com um personal trainer: ambos te ajudam a cuidares de ti, mas com ferramentas, competências e finalidades distintas. E há espaço para os dois. Aliás… às vezes, o melhor é mesmo combinar os dois. Nem tudo o que sentimos é um problema clínico. Às vezes, estamos apenas num momento de transição, de dúvida, de falta de motivação, de incerteza — e isso não significa que temos um transtorno psicológico, que há um trauma a ser tratado ou resolvido ou que estamos deprimidos. A saúde mental cuida da nossa estabilidade emocional, dos traumas, das feridas profundas. Já o desenvolvimento pessoal trabalha o nosso potencial, os nossos objetivos, os nossos sonhos. Claro que as duas áreas se tocam: quando nos sentimos melhor connosco mesmos, quando cuidamos do que pensamos, do que sentimos e de como vivemos o dia a dia, a nossa saúde mental melhora. Quando criamos hábitos mais saudáveis, estamos focados nos nossos objetivos e nos priorizamos isso influencia a saúde mental. Quando resolvemos coisas do passado, percebemos os nossos padrões de comportamento ou tratamos algum transtorno psicológico, sem dúvida, que isso nos vai permitir um maior desenvolvimento pessoal. Mas é importante sabermos reconhecer quando estamos a precisar de apoio clínico — e quando o que precisamos é de estrutura, foco e motivação para avançar. Acredito, profundamente, que estas abordagens podem ser complementares Aliás, vejo isso acontecer muitas vezes nas minhas sessões. Há pessoas que estão a ser acompanhadas por psicólogos e procuram também o coaching para estruturar melhor os seus dias, definir prioridades, mudar hábitos e rotinas, integrar mais autocuidado. E o contrário também acontece: clientes que chegam até mim e percebem que precisam de explorar emoções mais profundas com um terapeuta — e eu sou a primeira a incentivar isso. Não é sobre disputar espaço. É sobre perceber onde cada uma de nós pode servir melhor. Precisamos de mais regulamentação em Portugal? Sim, sem qualquer sombra de dúvida. Mas precisamos, acima de tudo, de mais humildade, diálogo e responsabilidade. Profissionais de coaching éticos não querem “substituir” terapeutas. E profissionais da psicologia conscientes também sabem que não são (nem têm de ser) tudo para todos. Se dermos as mãos, em vez de levantar muros, ganhamos todos: nós, os profissionais… e principalmente quem está do outro lado a procurar ajuda. Sou coach por opção e com orgulho. Mas também já fui paciente de psicoterapia — e ainda hoje sou uma grande defensora da importância da saúde mental. A minha visão é a de mundo onde psicólogos, terapeutas, coaches, nutricionistas, professores de yoga, médicos e todos os outros profissionais que queiram se sentam à mesma mesa com um objetivo comum: ajudar mais e melhor.
O cansaço que não passa

Já te aconteceu dormir oito horas e, ainda assim, acordar exausta? Ou sentires que, por mais pausas que faças, nunca ficas verdadeiramente recarregada? Esse cansaço persistente pode não ser só falta de descanso — é um sinal do teu corpo, ele está a tentar dizer-te algo. Vivemos num ritmo acelerado, rodeadas de tarefas, exigências e a constante sensação de que devíamos estar a fazer mais. E isto é o que nos afasta cada vez mais do equílibrio. As consequências deste ritmo frenético aparecem de forma subtil no início, mas vão-se acumulando ao longo do tempo. O sistema nervoso fica sobrecarregado: Quando passas o dia inteiro num estado de tensão, o teu corpo mantém-se numa resposta de “luta ou fuga”, mesmo quando não há um perigo real. Isso pode traduzir-se em dificuldade em relaxar, sono leve/insónias e um cansaço que parece não desaparecer. A digestão torna-se menos eficiente: Isso acontece porque, em momentos de tensão, o corpo desvia energia da digestão para outras funções, dificultando a absorção de nutrientes essenciais e criando vários sintomas gastrointestinais. A pele e o cabelo dão sinais de alerta: Irritações cutâneas, acne, queda de cabelo ou pele baça podem ser reflexo de um organismo que não está a recuperar bem. A energia esgota-se mais depressa: Se te sentes constantemente exausta, mesmo em dias aparentemente calmos, pode ser um sinal de que o teu corpo está a operar num défice energético, sem conseguir restaurar-se devidamente. A boa notícia é que o nosso corpo tem uma capacidade incrível de regeneração. Mas, para isso, precisamos de lhe dar espaço e suporte. Algumas práticas que podem transformar a tua energia ao longo do tempo: Alimentação nutritiva Nem todos os alimentos te dão energia verdadeira. Os açúcares refinados, por exemplo, criam picos de energia seguidos de quebras abruptas, deixando-te ainda mais cansada. Prioriza alimentos nutricionalmente ricos como vegetais, frutas, gorduras saudáveis e proteínas de qualidade. Pequenas escolhas consistentes fazem uma grande diferença. Movimento consciente O exercício não tem de ser extenuante para ser eficaz. Caminhar ao ar livre, alongar, dançar ou praticar yoga são formas de libertar tensões e revitalizar o corpo sem acrescentar mais pressão e stress. Observa como te sentes depois de cada tipo de movimento e ajusta conforme o que realmente te faz bem. Priorizar o sono Muitas vezes, pensamos que o problema é dormir poucas horas, mas a qualidade do sono é igualmente essencial. Evitar ecrãs antes de dormir, criar uma rotina noturna relaxante e reduzir estímulos antes de deitar podem ajudar-te a ter um sono mais profundo e reparador. Dá um extra ao teu corpo Mesmo com uma alimentação equilibrada, o nosso organismo pode precisar de um suporte extra. A agricultura intensiva empobreceu os solos, reduzindo a quantidade de nutrientes nos alimentos. Além disso, o stress e o ritmo de vida acelerado aumentam as nossas necessidades nutricionais. Suplementos que forneçam micronutrientes como os ómegas, vitamina D, zinco, diferentes antioxidantes (como a vitamina A,C e E) e ácido fólico podem ajudar-te a gerir a sensação de cansaço, ganhar energia, reforçar o sistema imunitário e dar suporte ao sistema nervoso. Não te esqueças de respirar A forma como respiras influencia diretamente a tua energia. Quando estamos tensas, tendemos a respirar de forma superficial e acelerada, sem nos darmos conta. Tira alguns minutos por dia para praticar respirações profundas — inspira pelo nariz, segura por alguns segundos e expira lentamente pela boca. Este simples hábito pode fazer maravilhas pelo teu bem-estar. Pausa, pausa, pausa A energia não vem apenas do que fazes, mas também do que permites que o teu corpo processe. Quando te dás permissão para parar, sem culpa, crias espaço para a recuperação. Pequenos rituais, como ler um livro, tomar um chá sem distrações ou simplesmente contemplar a natureza, ajudam a redefinir o teu estado interno. Nenhuma destas estratégias é uma solução instantânea, mas juntas criam um ambiente onde o teu corpo pode reencontrar o equilíbrio. O cansaço acumulado ao longo dos anos não desaparece de um dia para o outro, mas cada pequena mudança aproxima-te da qualidade de vida que mereces.
1ª Edição Workshop Anti-stress

Data: 12 abril 2025 | 17.15h
Local: Parque da Cidade – Reguengos de Monsaraz
O stress e ansiedade são hereditários?

Já alguma vez sentiste que és mais ansiosa do que as pessoas à tua volta? Que o stress te afeta de uma forma que parece desproporcional? Ou que parece fazer parte de ti, como se estivesse no teu ADN? Talvez já te tenhas perguntado: será que herdei isto? A verdade é que a resposta não é linear. A ciência mostra que tanto a genética quanto o ambiente têm um papel fundamental no desenvolvimento da ansiedade e do stress. Estudos indicam que a predisposição para a ansiedade e o stress pode ser herdada em parte. A hereditariedade dos transtornos de ansiedade ronda os 30 a 40%, o que significa que, sim, há um fator genético envolvido (Gottschalk & Domschke, 2017). Os cientistas descobriram que certas variantes genéticas afetam a forma como o nosso cérebro responde ao stress. Por exemplo, pessoas com uma determinada variação do gene que influencia a forma como processamos a serotonina (neurotransmissor essencial para o equilíbrio emocional), tendem a ser mais sensíveis ao stress e têm maior risco de desenvolver ansiedade e depressão (Caspi et al., 2003). Outro fator genético importante é a forma como o eixo HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal) – o sistema que regula a resposta ao stress – funciona. Algumas pessoas nascem com um eixo HPA mais reativo, o que significa que o seu corpo liberta mais cortisol (a hormona do stress) perante desafios do dia a dia (Sharma et al., 2016). Mas a genética, por si, não dita o nosso destino. É aqui que entra um conceito fascinante: a epigenética. A epigenética estuda como o ambiente e as experiências de vida influenciam a expressão dos nossos genes. O que é que isso significa? Que mesmo que tenhas herdado genes que te tornam mais propensa ao stress e à ansiedade, o modo como vives a tua vida pode “ligar” ou “desligar” esses genes (Turecki & Meaney, 2016). Por exemplo, estudos mostram que crianças que crescem em ambientes seguros e afetivos desenvolvem uma melhor regulação emocional, mesmo que tenham uma predisposição genética para a ansiedade. Por outro lado, traumas na infância, negligência ou um ambiente altamente stressante podem modificar a expressão de genes ligados à resposta ao stress, tornando a pessoa mais vulnerável à ansiedade na vida adulta (McEwen, 2012). Outro dado curioso? Estas modificações epigenéticas podem ser transmitidas para a próxima geração. Isso significa que o stress vivido pelos teus pais ou avós pode ter deixado marcas nos teus genes – mas, felizmente, também significa que escolhas saudáveis e práticas de gestão do stress que tu apliques, podem reverter esses efeitos para ti e para a tua descendência. Então, assim, a ansiedade e o stress são ou não hereditários? A resposta curta: em parte, sim. Mas não de uma forma determinística. A genética pode dar-te uma maior ou menor vulnerabilidade ao stress e à ansiedade, mas o ambiente e as tuas escolhas diárias são os fatores decisivos na forma como se manifestam. A boa notícia? Se sentes que o stress e a ansiedade controlam a tua vida, há formas de reprogramar o teu sistema nervoso para reagir de forma mais tranquila às dificuldades. Podes descobrir algumas delas aqui. E mantém presente que a genética pode influenciar a forma como experienciamos o stress e a ansiedade, mas não determina o nosso futuro. És muito mais do que os teus genes. És a soma das tuas experiências, escolhas e das ferramentas que decides usar para te fortalecer. E se há algo que posso garantir, é que é possível aprender a viver de forma mais leve e equilibrada. Um passo de cada vez.
Os benefícios da conexão social para a saúde

Vivemos num mundo onde a tecnologia encurta distâncias e nos permite estar sempre “ligadas”, mas paradoxalmente, nunca a solidão esteve tão presente na vida das pessoas. As mensagens, as redes sociais e as videochamadas ajudam, mas não substituem a experiência real do contacto humano. Somos seres sociais. O nosso sistema nervoso é profundamente influenciado pelas nossas interações com os outros. O simples facto de estarmos presencialmente com alguém que nos faz sentir seguras e compreendidas ativa o nosso sistema nervoso parassimpático – aquele que nos ajuda a relaxar, a desacelerar e a encontrar equilíbrio. O toque, o contacto visual, a troca de energia num espaço comum… tudo isto contribui para a regulação das emoções e para a sensação de bem-estar. Quando nos isolamos, mesmo que inconscientemente, o nosso corpo fica mais tempo em estado de alerta. O stress aumenta, a ansiedade instala-se e até a nossa capacidade de resolver problemas se altera. A solidão crónica tem vindo a ser associada a um aumento dos níveis de inflamação no corpo, a um maior risco de doenças cardiovasculares e a uma menor qualidade do sono. Precisamos dos outros, não apenas para partilhar momentos, mas para garantir o nosso bem-estar físico e emocional. Para além disso, estar em grupo tem um poder transformador. Aprender algo novo num ambiente presencial cria uma dinâmica especial – o cérebro fica mais recetivo, a energia coletiva potencia a motivação e o apoio entre pessoas com objetivos semelhantes reforça o compromisso e a confiança. Quantas vezes já sentiste que conseguiste ir mais longe num objetivo ou tarefa porque tinhas alguém ao teu lado a incentivar-te? Criar espaços onde possamos estar juntas, partilhar experiências, aprender e crescer lado a lado é mais do que um luxo – é uma necessidade. Por isso, desafio-te a refletir: quando foi a última vez que priorizaste um encontro presencial? Que impacto teve em ti? Talvez esteja na altura de voltares a dar-te essa oportunidade.
Mercado Alternativo

Data: 13 abril 2025 | a partir das 10h
Local: Parque da Cidade – Reguengos de Monsaraz
Feira de Exercício, Saúde e Bem-estar

Data: 06 abril 2025 | a partir das 10h
Local: Pavilhão Multiusos – Sines
Porque o Mundo nos quer ansiosas?

O stress e a ansiedade tornaram-se parte da nossa rotina. Já não é apenas uma resposta ocasional ao trabalho ou à vida pessoal – parece que é constante. Mas, o que está por trás desse estado de ansiedade e pressão? Porque é que parece que estamos sempre a lutar contra isto? A resposta vai além de fatores pessoais ou circunstâncias isoladas. O mundo, em muitos aspetos, está estruturado para nos manter nesse estado. A pressão do consumo Vivemos numa sociedade de consumo, onde o marketing e a publicidade estão constantemente a tentar criar em nós a sensação de que precisamos de algo mais para sermos felizes. O consumo não é apenas sobre produtos – é sobre o nosso tempo, a nossa atenção e os nossos recursos. E é aí que entra o stress: uma constante busca por mais, a corrida incessante para atingir padrões e metas que não são nossas, mas que nos são impostos pelas diversas indústrias. As grandes empresas sabem que um consumidor stressado ou ansioso é mais fácil de manipular. O stress gera uma necessidade urgente de alívio, e muitas vezes, esse alívio é encontrado na compra de algo que promete uma solução rápida para o que quer que nos incomoda. E assim, tornamo-nos prisioneiras de um ciclo vicioso onde a sensação de insatisfação nunca desaparece, pois há sempre mais para consumir. Sobrecarga de informação Com a era digital, a sobrecarga de informação tornou-se parte da nossa rotina. Estamos constantemente conectados a dispositivos e plataformas que nos alimentam com informações – e nem sempre boas. O excesso de notícias, alertas, notificações e mensagens cria uma sensação de urgência, que faz com que o nosso corpo entre em modo de “luta ou fuga” constantemente. Essa exposição constante a informação, muitas vezes negativa, aumenta os níveis de stress, pois o nosso cérebro não foi feito para lidar com tantas fontes de estímulo ao mesmo tempo. A natureza das redes sociais também amplifica essa pressão. A comparação constante com os outros e a busca por validação aumentam ainda mais a nossa ansiedade. A sensação de estarmos sempre atrás, de não sermos suficientes, de não estarmos no “lugar certo” faz com que o estado de ansiedade se acumule e se perpetue. A exigência desmedida do mercado de trabalho No mercado de trabalho moderno, a cultura da exigência tornou-se uma norma. Horários longos, multitasking e a pressão por resultados rápidos são apenas algumas das formas como o trabalho contribui para o aumento do stress. A tecnologia também tem um papel importante aqui: as expectativas de estar sempre disponível, a qualquer hora do dia, exacerbam ainda mais o problema. O trabalho nunca acaba. E, muitas vezes, não é só a quantidade de trabalho, mas também o tipo de trabalho – tarefas que exigem uma grande carga emocional, responsabilidade e decisões rápidas. Além disso, a falta de limites claros entre vida pessoal e profissional nunca foi tão acentuada. O conceito de “produtividade máxima” tem gerado um ambiente onde somos levados a acreditar que estar ocupado é sinal de sucesso, o que nos impede de descansar e nos desconectar. A falsa ideia do que é uma “boa vida” Desde cedo, somos ensinados a seguir um “caminho certo”. Este caminho, na visão da sociedade, é marcado por marcos e sucessos: estudar, arranjar um bom emprego, casar, ter filhos, e assim por diante. A mensagem subjacente é clara: existe uma forma correta de viver a vida, uma escada a subir para alcançar o sucesso e a felicidade. Mas o que acontece quando o molde não encaixa? Muitas pessoas, na tentativa de seguir esse padrão, acabam por se perder. Tentam corresponder a um modelo que pode não corresponder à sua verdadeira essência. Para muitas, isso gera uma pressão constante, levando-as a viver de acordo com expectativas externas e não internas. A busca incessante por aprovação social, o medo de “ficar para trás” e a ideia de que a vida tem de seguir um script pode ser esmagadora. O custo de tentar ser algo que não somos é elevado, e muitas vezes leva-nos a um ponto de exaustão. A ideia de que há um padrão a seguir é uma das maiores armadilhas que nos aprisionam no ciclo do stress e ansiedade. Porque quando nos sentimos forçadas a seguir um molde que não é nosso, acabamos a negligenciar as nossas necessidades verdadeiras, o nosso bem-estar e o nosso ritmo natural Falta de conexões reais O aumento da solidão e do isolamento também é uma das grandes causas do stress na sociedade moderna. Embora as redes sociais nos conectem virtualmente, muitas vezes isso não se traduz em conexões reais e profundas. O isolamento social pode fazer-nos sentir que estamos a enfrentar tudo sozinhos, o que aumenta a sensação de pressão e ansiedade. A falta de apoio social e emocional é uma das razões pelas quais o stress se torna uma constante na vida de muitas pessoas. Sem uma rede de apoio, sem espaços de descanso e de pausa, é fácil sermos consumidas pela pressão do dia a dia. Acredito que esses fatores estruturais não são acidentais – fazem parte de um sistema que depende do nosso stress para funcionar. A cultura do trabalho interminável, a alimentação de emoções negativas através das redes sociais e a pressão constante do mercado de consumo são apenas algumas das ferramentas que mantêm este ciclo perpétuo de stress. Ao manter-nos constantemente ansiosos e insatisfeitos, a sociedade cria consumidores cada vez mais manipuláveis. A sensação de que nunca somos suficientes, de que há sempre algo mais a conquistar, é reforçada em contínuo, fazendo com que o stress nunca desapareça. No entanto, por mais que o mundo nos queira neste estado, temos o poder de mudar. A chave está em percebermos o que está a acontecer à nossa volta e como as estruturas que nos rodeiam alimentam a nossa ansiedade. Quando começamos a questionar e a desafiar este sistema, podemos encontrar formas de desacelerar e reconectar-nos connosco mesmas, com o nosso
Porque adoecemos mesmo quando nos cuidamos?

Cuidar de nós mesmas — alimentação equilibrada, suplementos, exercício físico, boas noites de sono e gestão de stress — parece ser a fórmula para evitar doenças. Mas a verdade é que, mesmo fazendo tudo “bem”, há dias em que o corpo cede, e acabamos por adoecer. Se já te sentiste frustrada por isso, não estás sozinha. Conheço bem essa sensação e, durante muito tempo, via essas situações como falhas minhas. Até perceber que o corpo tem as suas próprias regras — e que adoecer, de vez em quando, não é um sinal de fracasso, mas parte natural de estar viva. Fatores externos O ambiente em que vivemos tem um impacto enorme na nossa saúde. Estamos expostas diariamente a vírus, bactérias, poluição, alterações sazonais e outros agentes externos. Mesmo o sistema imunitário mais forte pode ser desafiado. As condições dos espaços onde passamos grande parte do nosso tempo — como casas, locais de trabalho e escolas — influenciam diretamente a nossa saúde. Ambientes mal ventilados, com humidade ou exposição constante a ar condicionado e aquecedores, podem comprometer o sistema respiratório e aumentar o risco de infeções. Até a iluminação artificial e o ruído constante criam estímulos que, a longo prazo, afetam o bem-estar geral. O impacto invisível do stress Mesmo quando cuidamos da saúde mental, o stress crónico é um dos maiores inimigos do sistema imunitário. Situações de muita pressão, conflitos, mudanças de vida ou lutos criam um estado de alerta constante no corpo. O problema? O corpo não foi feito para viver em “modo sobrevivência” durante longos períodos. O stress afeta a produção de hormonas, altera o equilíbrio intestinal e diminui a capacidade de defesa natural do organismo. Muitas vezes não o reconhecemos logo porque aprendemos a normalizar estados de cansaço extremo ou ansiedade silenciosa. E então deixamos andar, até que um dia o corpo dá sinal. A genética também conta Cada corpo é único. Existem predisposições genéticas que podem tornar-nos mais suscetíveis a certas condições. E embora o estilo de vida ajude (e muito!) a minimizar riscos, não é uma garantia absoluta. O nosso ADN influencia a forma como o corpo responde a desafios e, por vezes, certos fatores estão simplesmente fora do nosso alcance. O corpo a falar connosco Nem sempre ficar doente significa fraqueza. Às vezes, é o corpo a dizer: “abranda”, ou “há algo que precisas de olhar com mais atenção”. O nosso ritmo de vida é acelerado e muitas vezes ignoramos pequenos sinais até que o corpo nos obriga a parar. A doença pode ser um convite ao autocuidado, a abrandar e a reavaliar prioridades. Aprender a escutar o corpo antes de ele gritar é uma prática essencial de saúde preventiva. Acredito que o foco não deve ser “nunca ficar doente”, mas criar um corpo mais resiliente. Um corpo que adoece menos vezes, recupera mais rápido e precisa de menos medicação. É aqui que o estilo de vida que escolhemos faz a diferença. Hábitos diários como alimentação rica em nutrientes, exercício regular, suplementação de qualidade, sono reparador e gestão de stress fortalecem o sistema imunitário e ajudam o corpo a lidar melhor com desafios inesperados. E quando a doença aparece? Devemos dar-lhe espaço, ouvir o corpo e usar ferramentas naturais que apoiem a recuperação com o mínimo de efeitos secundários. Em vez de encarar a doença como um fracasso, uma chatice, algo que vem empatar os nossos planos, podemos vê-la como parte do ciclo natural do corpo — um momento para nutrir e fortalecer. No fundo, cuidar de nós mesmas não é sobre eliminar todas as possibilidades de adoecer, mas sim construir uma relação de respeito com o nosso próprio ritmo. A frustração de ficar doente, mesmo quando nos cuidamos, é válida. Mas podemos transformá-la em compreensão. Em vez de pensar “o que fiz de errado?”, podemos perguntar “o que é que o meu corpo me está a dizer?”, “tenho respeitado os meus limites?”, “como posso apoiar melhor o meu corpo agora?” Porque o verdadeiro autocuidado também é a forma como tratamos o nosso corpo nos momentos de fragilidade. É aí que está a verdadeira força.
Segurança interna: o antídoto para a ansiedade

A ansiedade é uma emoção desafiante que muitas de nós enfrentamos, e, frequentemente, não sabemos como lidar com ela. A ansiedade não surge apenas da falta de calma, mas da ausência de uma sensação de segurança. Para muitas pessoas, a chave para reduzir a ansiedade pode estar em criar e fortalecer essa sensação no dia-a-dia. Neste artigo, exploro práticas simples, mas poderosas, que podem ser adotadas por qualquer pessoa para cultivar uma sensação de segurança interna e, assim, reduzir os níveis de ansiedade. Ao implementar estas mudanças, é possível criar uma vida mais equilibrada, onde a ansiedade tem menos espaço para se instalar. Criar rotinas tranquilizantes A previsibilidade é um dos maiores aliados no combate à ansiedade. A falta de estrutura e a imprevisibilidade das situações diárias podem aumentar o stress e a sensação de insegurança. Quando uma pessoa cria rotinas, especialmente pela manhã, o seu corpo e mente começam a sentir um maior controlo e estabilidade. Criar pequenos hábitos diários, como acordar com tempo suficiente, praticar a gratidão, ouvir música energizante, dedicar alguns minutos à meditação ou ler, pode ser uma âncora que transmite segurança. Mesmo nos dias mais caóticos, essas rotinas criam uma sensação de ordem e previsibilidade, elementos essenciais para acalmar a ansiedade. Cuidar do corpo de forma consistente O cuidado com o corpo tem um impacto profundo na mente. A ansiedade é, muitas vezes, alimentada pela falta de atenção ao corpo, como noites mal dormidas, má alimentação ou sedentarismo. Quando o corpo não está equilibrado, a mente também sofre, resultando em níveis mais elevados de stress e ansiedade. Cuidar do corpo de forma consistente – priorizando o descanso, uma alimentação saudável e a prática de exercício físico – fortalece o sistema nervoso e a saúde mental. Quando o corpo está forte e equilibrado, a mente encontra maior estabilidade. Vamos mudar a mentalidade de que cuidar do corpo é apenas uma questão de estética – na realidade, é uma forma de garantir que o corpo está preparado para lidar com os desafios diários. Protegeres-te de ambientes e relações drenantes Muitas vezes, não nos apercebemos do impacto que as pessoas e os ambientes à nossa volta podem ter sobre o nosso estado emocional. Relacionamentos tóxicos ou ambientes com energia negativa contribuem para aumentar a sensação de insegurança e ansiedade. Proteger-se de situações que drenam a energia é essencial. Rodear-se de pessoas positivas, que apoiam o crescimento pessoal e promovem a calma, pode ser um passo decisivo para reduzir a ansiedade. Além disso, procurar ambientes que inspirem bem-estar e tranquilidade ajuda a criar um espaço seguro, tanto físico quanto emocional, que favorece a saúde mental. Práticas que regulam o sistema nervoso As práticas de mindfulness, como a meditação, a respiração profunda ou o journaling, são estratégias eficazes para ajudar a regular o sistema nervoso e reduzir a ansiedade. Essas ferramentas ajudam a desacelerar o ritmo do dia-a-dia e promovem uma sensação de calma imediata. Quando praticamos mindfulness, a mente aprende a focar no momento presente e a reduzir a sobrecarga de pensamentos ansiosos. Técnicas de respiração profunda, por exemplo, sinalizam ao corpo que está tudo bem, que estamos seguros. Reformular a perspetiva sobre o autocuidado O autocuidado não é um luxo, mas uma necessidade básica para manter o equilíbrio emocional e físico. Muitas pessoas tendem a ver o autocuidado como algo que só se faz quando há tempo, mas a verdade é que deve ser uma prioridade. Quando se coloca o bem-estar pessoal em segundo plano, mais cedo ou mais tarde, o corpo e a mente vão dar sinal. Fazer do autocuidado uma prática diária – seja através de momentos de descanso, cuidados com a alimentação, hobbies, tempo a sós, ou o que quer que seja que para nós faz sentido – é uma forma eficaz de fortalecer a saúde mental. Quando cuidamos de nós com regularidade, a sensação de segurança interna cresce e, com isso, a ansiedade diminui. Cumprir as promessas que fazemos a nós próprias Cumprir as promessas que fazemos a nós mesmas é uma forma de reforçar a confiança interna e a segurança. Quando criamos uma intenção ou um compromisso – beber mais água, tirar tempo para ler mais, ir visitar aquela amiga, ou o que seja– e não cumprimos, reduzimos a confiança que temos em nós próprias. Afinal de contas, faltámos ao prometido. Ao honrar os nossos compromissos pessoais, reforçamos a autoconfiança, acreditamos que vamos estar lá para nós próprias quando for preciso. Essa confiança gera um ambiente interno mais seguro, onde a ansiedade tem menos espaço. Mesmo com pequenas promessas, o cumprimento das mesmas fortalece a autoestima e a sensação de controle sobre a própria vida. Embora a ansiedade seja uma emoção natural, ela pode ser controlada e até diminuída quando se trabalha a construção de segurança interna. Ao criar rotinas, cuidar do corpo, protegeres-te de ambientes negativos, praticar técnicas de regulação emocional e honrar as promessas feitas a ti mesma, a sensação de segurança cresce e a ansiedade diminui. Se procuras formas de reduzir a ansiedade, começa por integrar estas mudanças no teu dia a dia e observa a diferença. E lembra-te: a ansiedade não precisa ser a tua realidade permanente. Ao focar-te na criação de segurança interna, criarás uma base sólida para viver uma vida mais tranquila e equilibrada.