Há uns dias, numa conversa com uma amiga, ela partilhou comigo que praticamente já não vê televisão. Disse que os conteúdos mexem com ela de uma forma que a deixa mais ansiosa, a desviar-se das suas prioridades, e até com aquela sensação de molenguice, como se estivesse a perder tempo da sua vida em frente ao ecrã. Identifiquei-me tanto com o que ela disse!
Foi impossível não começar a comparar a sua jornada com a minha. Também reduzi bastante o meu consumo de TV nos últimos tempos, mas ainda me vejo agarrada ao comando mais do que gostaria de admitir. Já deixei de ver programas de televisão mainstream e agora escolho o que quero nas plataformas de streaming. Documentários ou séries documentais, adoro tudo o que seja baseado em histórias reais, mas também boas comédias para descontrair. No entanto, ao ouvir a história dela, surgiu uma pontada de culpa. Será que deveria estar a fazer mais? Será que estou a falhar por ainda ter espaço para a televisão na minha rotina?
Já sentiste isso, não é? Aquela sensação de culpa quando vês alguém que está “mais à frente” em determinada área da vida. Pode ser uma amiga que pratica yoga todos os dias, ou alguém que já eliminou completamente os açúcares da dieta enquanto tu ainda adoras o teu quadrado de chocolate à noite.
Essa comparação é tão comum, mas é também uma das maiores armadilhas quando se trata de bem-estar. Cada uma de nós está a seguir o seu próprio caminho, no seu próprio ritmo, e o mais importante é dar o próximo passo em frente – seja ele grande ou pequeno.
A verdade é que as grandes transformações acontecem através de pequenas mudanças incrementais. Muitas vezes, olhamos para a jornada dos outros e queremos saltar diretamente para o resultado final, esquecendo-nos que o processo é tão importante quanto o objetivo. Aliás, é no processo que realmente se dá a transformação.
Reduzir o tempo em frente à televisão pode ser um ótimo objetivo, mas não precisa de ser um passo drástico. Pode ser algo tão simples como, numa semana, escolher ver um episódio de uma série em vez de uma maratona inteira. Na semana seguinte, podes fazer uma caminhada antes de te sentares no sofá.
Essas pequenas mudanças são poderosas porque são sustentáveis. Não precisamos de correr em direção à “perfeição” (que, aliás, nem sequer existe!). O que precisamos é de nos movermos em direção a uma versão de nós mesmas que nos faça sentir bem, um passo de cada vez.
Voltar a focar-me nas minhas escolhas ajudou-me a ver o valor da minha própria jornada. Sim, ainda gosto de ver televisão, mas faço escolhas mais conscientes sobre o que vejo e quanto tempo dedico a isso. E está tudo bem! O meu progresso é meu, e o teu progresso é teu.
O que importa é que estejamos sempre a procurar melhorar, sem aquela pressão de que devemos fazer tudo “perfeito” de uma vez só. Cada melhoria que fazemos nas nossas rotinas e hábitos é um passo em direção a uma vida mais saudável, mais equilibrada e mais em paz. E é isso que realmente conta.
Então, aqui está o meu convite para ti: pensa numa área da tua vida onde sentes que queres fazer uma melhoria – algo simples, pequeno. Talvez seja reduzir o tempo em frente aos ecrãs, como eu. Talvez seja incluir mais verduras no teu prato. Qualquer que seja o teu objetivo, lembra-te de não te comparares. Escolhe uma mudança incremental que funcione para ti, e observa como, aos poucos, essas escolhas se acumulam em grandes transformações.
Eu decidi ver aquela conversa como um sinal para estar mais atenta ao meu próprio consumo de TV. Um pequeno lembrete de que é algo que quero continuar a melhorar e estar mais consciente, em vez de me afundar em culpa e comparação. Esta mudança de perspetiva foi transformadora para mim.
Por isso, segue, celebrando a cada pequeno passo da tua jornada, sem olhar para o lado, porque o caminho é em frente.