Cuidar de nós mesmas — alimentação equilibrada, suplementos, exercício físico, boas noites de sono e gestão de stress — parece ser a fórmula para evitar doenças. Mas a verdade é que, mesmo fazendo tudo “bem”, há dias em que o corpo cede, e acabamos por adoecer.
Se já te sentiste frustrada por isso, não estás sozinha. Conheço bem essa sensação e, durante muito tempo, via essas situações como falhas minhas. Até perceber que o corpo tem as suas próprias regras — e que adoecer, de vez em quando, não é um sinal de fracasso, mas parte natural de estar viva.
Fatores externos
O ambiente em que vivemos tem um impacto enorme na nossa saúde. Estamos expostas diariamente a vírus, bactérias, poluição, alterações sazonais e outros agentes externos. Mesmo o sistema imunitário mais forte pode ser desafiado.
As condições dos espaços onde passamos grande parte do nosso tempo — como casas, locais de trabalho e escolas — influenciam diretamente a nossa saúde. Ambientes mal ventilados, com humidade ou exposição constante a ar condicionado e aquecedores, podem comprometer o sistema respiratório e aumentar o risco de infeções. Até a iluminação artificial e o ruído constante criam estímulos que, a longo prazo, afetam o bem-estar geral.
O impacto invisível do stress
Mesmo quando cuidamos da saúde mental, o stress crónico é um dos maiores inimigos do sistema imunitário. Situações de muita pressão, conflitos, mudanças de vida ou lutos criam um estado de alerta constante no corpo. O problema? O corpo não foi feito para viver em “modo sobrevivência” durante longos períodos.
O stress afeta a produção de hormonas, altera o equilíbrio intestinal e diminui a capacidade de defesa natural do organismo. Muitas vezes não o reconhecemos logo porque aprendemos a normalizar estados de cansaço extremo ou ansiedade silenciosa. E então deixamos andar, até que um dia o corpo dá sinal.
A genética também conta
Cada corpo é único. Existem predisposições genéticas que podem tornar-nos mais suscetíveis a certas condições. E embora o estilo de vida ajude (e muito!) a minimizar riscos, não é uma garantia absoluta. O nosso ADN influencia a forma como o corpo responde a desafios e, por vezes, certos fatores estão simplesmente fora do nosso alcance.
O corpo a falar connosco
Nem sempre ficar doente significa fraqueza. Às vezes, é o corpo a dizer: “abranda”, ou “há algo que precisas de olhar com mais atenção”. O nosso ritmo de vida é acelerado e muitas vezes ignoramos pequenos sinais até que o corpo nos obriga a parar.
A doença pode ser um convite ao autocuidado, a abrandar e a reavaliar prioridades. Aprender a escutar o corpo antes de ele gritar é uma prática essencial de saúde preventiva.
Acredito que o foco não deve ser “nunca ficar doente”, mas criar um corpo mais resiliente. Um corpo que adoece menos vezes, recupera mais rápido e precisa de menos medicação.
É aqui que o estilo de vida que escolhemos faz a diferença. Hábitos diários como alimentação rica em nutrientes, exercício regular, suplementação de qualidade, sono reparador e gestão de stress fortalecem o sistema imunitário e ajudam o corpo a lidar melhor com desafios inesperados.
E quando a doença aparece? Devemos dar-lhe espaço, ouvir o corpo e usar ferramentas naturais que apoiem a recuperação com o mínimo de efeitos secundários. Em vez de encarar a doença como um fracasso, uma chatice, algo que vem empatar os nossos planos, podemos vê-la como parte do ciclo natural do corpo — um momento para nutrir e fortalecer.
No fundo, cuidar de nós mesmas não é sobre eliminar todas as possibilidades de adoecer, mas sim construir uma relação de respeito com o nosso próprio ritmo.
A frustração de ficar doente, mesmo quando nos cuidamos, é válida. Mas podemos transformá-la em compreensão. Em vez de pensar “o que fiz de errado?”, podemos perguntar “o que é que o meu corpo me está a dizer?”, “tenho respeitado os meus limites?”, “como posso apoiar melhor o meu corpo agora?”
Porque o verdadeiro autocuidado também é a forma como tratamos o nosso corpo nos momentos de fragilidade.
É aí que está a verdadeira força.